Divindade e Humanidade. O vício do poder e a padronização do ser.

Nós vivemos num mundo padronizado, onde cada escolha, cada pensamento, cada ação é feita de acordo com os padrões já pré-estabelecidos pela nossa sociedade muito antes de nascermos.



Temos um padrão de beleza:
Mulher: Seios fartos, lábios carnudos, bumbum cheio, pernas grossas, nariz fino, etc.
Homem: Altos, peitoral malhado, abdômen definido, braços e pernas musculosas, etc.
As gordas, as muito magras, os baixos, os fracos, etc são automaticamente excluídos de nossa visão de beleza, de perfeição.

Temos padrões de vestimenta:
Seguimos a moda da atualidade, e a cada renovação, temos nós também que segui-la. Se seguimos nossos próprios estilos, se misturamos as cores ou os tipos de roupas como bem entendemos, somos tachados de caretas, bregas, cafonas, sem noção. Se estamos diferentes do padrão, da moda, ficamos a margem de tudo.




Temos um padrão espiritual:
Pois quando vamos falar de Deus, de nossas crenças, não temos liberdade de estudar, buscar, imaginar, acreditar naquilo que nossa mente disser, temos que escolher uma dentre varias religiões padronizadas já, e quando escolhemos, devemos segui-las com uma fé cega, sem poder olhar para o lado, sem poder colocar um pequeno sinal de interrogação em nenhum lugar, devemos ouvir, entender, acatar e seguir o que nos é passado, como se aquilo fosse uma verdade absoluta e incontestável.

Tudo é padronizado. Aquilo que consumimos, aquilo que julgamos o certo e o errado, a maneira que agimos, a maneira que pensamos.

Buscamos evoluir a todo o momento, mas, quanto mais evoluímos, mais padronizados nos tornamos. A evolução tem por conseqüência a padronização.Queremos criar robôs que cheguem muito próximos dos humanos, mas o que nós temos criado na verdade, são humanos que chegam muito próximos de robôs.

Vivemos numa busca intensa pela perfeição. Buscamos a todo o momento ser deuses entre os homens. Buscamos ser os mais belos, os mais inteligentes, os mais poderosos, os mais perfeitos. Buscamos tanto a nossa autodivindade que esquecemos de ser humanos, esquecemos de viver, de amar, de sorrir, de PENSAR.

O ser humano desde o seu inicio, tem a necessidade de mostrar poder, de mostrar que é o melhor, mostrar o que tem de melhor. Quando estávamos no inicio, quando o mundo se fez mundo pela primeira vez diante de olhos humanos, essa necessidade era essencial para a nossa sobrevivência, precisávamos mostrar poder, precisávamos evoluir. Hoje em dia usamos desse artifício apenas pra sustentar nosso ego, nossa ganância. Brincamos de bancar o Deus apenas por um capricho nosso. Quanto mais a humanidade evolui, por mais poder ela anseia. E essa evolução, esse poder, ao invés de nos tornar mais criadores, mais benfeitores, mais humanizados, nos torna mais destrutivos, mais maléficos, mais egoístas.

Poder é uma droga! Ele vicia, e assim como todas as outras drogas, nos destrói.

Quando deixaremos de buscar ser poderosos, de buscar ser melhor que o próximo, de buscar ser perfeitos e buscaremos ser mais humildes, ter mais igualdade, enxergar nossos defeitos tão bem quanto vemos nossas qualidades?

Quando deixaremos de buscar ser DEUSES para sermos somente HUMANOS?


(Thiago Sansil)