terça-feira, 14 de junho de 2011

Vinte segundos











I

Sobe correndo as escadas.
Tem o rosto molhado pelas lágrimas.
O coração vai acelerado.
E tem a impressão de que a qualquer momento
Ele vai lhe saltar do peito.
Seus pés encontram o último degrau.
Uma cobertura vazia.
Uma lua no céu.
Vêm à cabeça apenas um pensamento:
A lua está bela demais
Para uma noite tão triste.
O medo e a angústia encontram seu ser.
Entretanto, o seu ímpeto não se esvai.
A decisão está tomada.
Corre até o muro,
E logo o galga.
Olha para baixo,
Sente o vento tocando seu rosto,
E uma liberdade nunca sentida.
Então, hesita.
Apenas por um segundo
A hesitação existe.
De toda forma,
Não se deixa deter.
Solta seu corpo
À liberdade do vento
E fecha os olhos.


II

É seu primeiro dia na escola.
Muitas coisas para aprender.
A descoberta do amor.
Um amor tão inocente e puro.
O primeiro beijo.
Algo deveras estranho,
Mas ao mesmo tempo,
Um misto de doçura, encanto e prazer.
Vem o amadurecimento.
Seu casamento é marcado pela emoção.
Descobre que está muito doente.
Tenta encontrar soluções.
Tentativas em vão.
Desespera-se, e perde o controle de si.
Teme a chegada do fim.
Teme mais ainda,
A possibilidade de trazer
Sofrimento a seus queridos.
Mas isso não vai acontecer.
Seu corpo toca o chão.



(Thiago Sansil)

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